sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

“Senhor, socorre-me!” – Mt 15. 25

A graça é para todos.
Esta é a principal verdade acerca do Evangelho.
Após ler o texto de Mateus 15. 21-28, bateu-me
Um profundo senso de admiração de como a misericórdia
Do Reino é direcionada a todo aquele que clama por Jesus.
Emociona-me saber disso.
Diz o texto que Jesus estava para os lados de Tiro e Sidom.
Estas cidades estavam situadas na costa da Fenícia.
Geograficamente estavam fora do território de Israel.
Jesus já havia citado essas cidades de forma indireta quando
Quis se referir a elas como símbolos de incredulidade (Mt 11.21)
Ou seja, para os judeus eram cidades pagãs, gentias.
Não faziam parte da comunidade da aliança.
Ao certo não se sabe por que Ele “retirou-se para os lados Tiro e Sidom” (Mt 15.21).
Talvez unicamente para realizar aquele milagre
Num dos textos mais belos dos Evangelhos.
Tanto é assim que logo abaixo fica salientado que Ele voltou
Para a Galiléia, já em território israelita (15.29).
O fato é que o texto diz que à medida que Jesus caminhava,
Certa mulher proferia: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
Minha filha está horrivelmente endemoninhada”.
É o grito da necessidade.
Jesus parece negar aquilo que realizaria.
Não lhe respondeu qualquer palavra.
O silêncio do Mestre, fez com os discípulos pensassem
Que Ele não queria ajudar a mulher.
Eles vão até Jesus e solicitam para que a mulher fosse despedida.
Possivelmente, estivesse incomodando aos ouvintes, pois
Vinha “clamando” atrás deles.
A ação dos discípulos não é vil, nem digna de condenação.
Jesus estava fora do território de Israel.
Não tinha qualquer “obrigação” de realizar qualquer milagre ali.
Afinal, Ele havia vindo para salvar aos seus (Jo 1.11).
Estava presente para salvar as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15.24).
Esta era a sua missão.
A mulher cananéia não fazia parte do itinerário da misericórdia messiânica.
Os seus passos não estavam agendados no caminho do Reino.
Mas els profere de forma agônica, num temor humilhado,
Habitado por profundo desespero e esperança: “Senhor, socorre-me!”
Vejo nestas palavras uma beleza incomum.
É a poesia da necessidade.
Somente um coração habitado por profunda humildade, desvestido
De qualquer sentimento arrogante, clama estas palavras.
“Senhor, socorre-me!” é o grito daquele que deseja o alívio.
De quem tem um coração que crer;
Que se ver profundamente pequeno diante da
Majestade do Senhor que salva.
“Senhor, socorre-me!” é o grito do quebrantado que resfolega
Com sede de misericórdia;
Que sabe que um único gesto, um único olhar de Jesus
Poderá trazer vida onde reina o caos e a morte.
E Jesus parece aprofundar o nível de prova daquela mulher.
Lança mão de uma metáfora fatal.
Diz que um pai de família jamais tirará da boca dos filhos
O alimento para dar aos cachorrinhos.
Era fulminante aquela asseveração.
Todavia, ela num gesto de profundo reconhecimento,
Habitada por uma serenidade incomum, profere:
“Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que
Caem da mesa dos seus donos” (Mt 15. 27)
E Jesus se impressiona, numa exclamação admirativa:
“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres”.
Eram somente essas palavras que ela desejava.
O Reino por onde passa leva a vida.
A fé no “Filho de Davi” salva, alivia, muda a história
De todo aquele que se achega a Ele com um profundo
Senso de pequenez e credulidade.

Por Carlos Antônio M. Albuquerque
Data: 04 de dezembro de 2009, sexta-feira 20:41:35

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